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Foto do escritorCarolina Germana

Libertar 2021


A 31 de dezembro, repeti o ritual que tinha feito o ano passado. Deitada no deck da minha casa na ilha, a assistir ao pôr do sol, escrevi sobre 2021, deixando-o para trás.


Comecei por fazer uma revisão mensal, com uma descrição por tópicos mês a mês do ano que passou, com tudo o que me fui lembrando de ter sido relevante.


Depois, respondi a questões que me orientaram a reflexão, com escrita livre em resposta a cada uma delas, havendo por vezes sobreposição dos mesmos temas nos diferentes tópicos, que apenas viriam reforçar a importância que alguns momentos, aprendizagens e memórias tiveram neste ano que passou. Foram elas:


  • 2021 foi..

  • Em 2021 eu…

  • 2021 ensinou-me...

  • O que foi ótimo em 2021…

  • Obrigada 2021 por…


Atrevendo-me a uma palavra para descrever 2021, diria: confuso. Comecei o ano a escrever sobre esperança e convicta de que nada poderia ser mais desafiante que 2020, ano que tanto nos colocou à prova. Mas temo que me enganei. A verdade é que 2021 foi uma montanha-russa de emoções dos melhores e piores momentos que a vida tem para oferecer. Foi vida e morte. Foi alegria e tristeza. Foi companhia e solidão. Foi desistência e superação. Foi querer esquecer e querer lembrar-me para sempre. Foi apatia e diversão. Foi partilha e isolamento.


Atrevo-me a um resumo. Mudei duas vezes de cidade, a primeira de Viana para o Porto, a segunda do Porto para Lisboa. Destralhei, doei, limpei, arrumei. Criei espaços familiares para me sentir em casa. Aprendi a lidar com a morte, com a perda de entes queridos e de doentes pediátricos. Deixei-me ir abaixo após lesões e limitações físicas e superei-me com ajuda de profissionais, família e amigos. Ganhei e perdi rotinas vezes sem conta, por imprevistos que me abalavam e desorganizavam em demasia. Aprendi a estar longe, mas também a estar perto dos que mais amo. Realizei sonhos e cumpri objetivos. Tive vários encontros com amigos, entre despedidas de solteira e casamentos. Organizei o nosso casamento e tive o dia mais bonito cheio de alegria, diversão e amor. Regressei às viagens para longe, na nossa lua de mel, ao México e vivi numa bolha de felicidade extrema, cheia de aventuras. Ultrapassei medos e barreiras, desafiei-me e desafiaram-me: fiz um salto radical num parque de diversões, fiz mergulho no segundo maior recife do mundo. Iniciei os estágios nos hospitais centrais, 6 meses no Porto, 6 meses em Lisboa. Conheci pessoas novas, fiz novos amigos. Aprendi dos mais experientes e ensinei os mais novos. Trabalhei mais, fiquei mais cansada e questionei as minhas capacidades. Tive um retorno enorme no crescimento profissional, trabalhando com pessoas geniais que me inspiraram. Trabalhei no meu desenvolvimento pessoal, cuidei mais de mim, senti-me melhor comigo própria, gostei mais de me olhar ao espelho. Lancei o meu primeiro livro depois de reunir as crónicas do primeiro ano de pandemia que escrevi neste meu cantinho. Fiz o seu lançamento em Lisboa e na Madeira e emocionei-me ao ver pessoas a querer levá-lo para casa, tê-lo nas suas estantes e a incentivar-me a continuar. Partilhei convosco as minhas reflexões semanais, sempre que foi possível. Vivi entre os altos e baixos da pandemia, como todos nós, com tudo o que a ela esteve inerente, terminando com a minha mãe isolada com o vírus nesta época natalícia. Aprendi a ouvir melhor o corpo e a alma, antes que se esgotem as baterias que se consomem com relativa facilidade, se não estivermos atentos a elas.


Despedi-me de 2021 depois de deitadas algumas lágrimas pelos momentos mais difíceis, pelos dias menos bons, pelas pessoas que perdi, pelos momentos adiados ou limitados pela pandemia. Despedi-me de 2021 com sorrisos, por momentos como as minhas despedidas de solteira, pelos amigos fantásticos que tenho, pela família que idolatro, pelo casamento com o meu A., pela nossa lua-de-mel, pelo regresso às viagens, às aventuras, ao mundo.


Trago comigo o que conquistei, o que aprendi, o que pretendo aperfeiçoar. Trago comigo as pessoas que quero manter na minha vida e as melhores memórias.


Despeço-me de 2021 recheada de momentos inesquecíveis que nos fazem querer mais, mais e mais disto que é viver.

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