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Foto do escritorCarolina Germana

Bornéu e a vida selvagem - Parte I



Terceiro dia da nossa viagem e o dia em que íamos cumprir um dos nossos principais objetivos nesta viagem a Bornéu.


Acordámos cedo, entusiasmados com a aventura do dia que se seguia. Primeira paragem para o pequeno-almoço num restaurante a meio da floresta tropical, ao som das milhares de aves que habitavam as árvores altas que tocavam os céus.


Um grupo de indivíduos na casa dos 70s captou a nossa atenção, rodeados de material fotográfico com lentes de metro e meio, vestidos em tons neutros, que em torno da mesa de madeira conversavam sobre a vida selvagem ali tão presente. Nós sem conseguir esconder a admiração, vibrámos ao ver provavelmente uma equipa de biólogos, investigadores e fotógrafos que ali estariam em trabalho.


Seguimos depois viagem até ao Santuário de Orangotangos de Bornéu. Bornéu é um dos sítios endémicos desta espécie, sendo chamados de Bornean Orang Utan. A cor alaranjada do seu pêlo, rara no mundo dos primatas, é cobiçada e motiva a sua captura ilegal para estimação e venda. Os orangotangos são seres solitários e residem no topo das árvores, onde encontram o seu alimento. A desflorestação, muitas vezes potenciada pela procura de terrenos para produção de óleo de palma, tem sido também responsável pela colocação destes animais em vias de extinção. Estes animais são considerados “espécies-chave”, pois se desaparecerem, milhares de outras espécies animais e de plantas desaparecem também.


Neste Santuário, os Orangotangos resgatados ficam seguros, passando por estadios de reabilitação por equipas treinadas para os libertarem posteriormente na floresta de hectares vigiada. Dois factos interessantes sobre eles é que partilham connosco 96,4% do seu ADN e que os jovens dependem da sua mãe até aos 8-9 anos de vida, sendo a maior dependência observada na vida selvagem.


Lá ficámos a observá-los a serem alimentados e a interagirem uns com os outros e passeámos pelos passadiços de madeira entre as árvores de todas as formas e feitios, cada uma mais bonita e maior que a anterior. O som da floresta, ensurdecedor e hipnotizante, transporta-nos para um mundo irreal, que não deixa ninguém indiferente.


À saída, visitámos ainda o centro de conservação do Urso do Sol (ou Urso Malaio), outra espécie em risco ainda superior ao dos Orangotangos. Estes são os ursos mais pequenos do mundo e parecem pequenos pandas escuros que apetece abraçar.





Terminou assim a nossa manhã, cheia de novidade. O nosso destino seguinte seria o nosso posto para os 3 dias que se seguiam, a meio do Rio Kinabatangan. Apanhámos o nosso ferry numa pequena ilha piscatória construída sob estacas em cima do mar. A maré baixa deixava-as a descoberto e em maré alta, flutuavam os lares entre as águas. As casas pintadas de várias cores e com vasos de flores nos seus alpendres, davam à pequena vila um ar bem pitoresco.



Coletes postos, seguimos nas duas horas de viagem pelo mar e mal entrámos na foz do rio, a paisagem se alterava, e nós não parávamos de ser surpreendidos pela quantidade de aves e répteis que enchiam aquela região de vida.


A chegada ao nosso Abai Nature Lodge foi encantadora. Bungalows em cima do rio, também eles construídos sob estacas. Por baixo, rastejavam os grandes dragões de Komodo e as buganvílias enfeitavam os percursos nos vários tons de rosa, vermelho e amarelo.


O dia já ia cheio e só terminou com um safari no rio no final da tarde. Levava comigo todo o equipamento para conseguir captar e observar toda a vida que ali se vivia – máquinas e binóculos. Vimos pequenos crocodilos e pela primeira vez os macacos pigmeus em bandos em cima das árvores. As aves coloridas sobrevoavam duas a duas o céu laranja, enquanto o sol se ponha.



Aos poucos a luz se foi desvanecendo e nós no pequeno barco, rodeados de crocodilos e demais seres aquáticos desconhecidos. Desviando a atenção desse facto, o regresso ao Lodge foi mágico. As bermas do rio iluminavam-se com os milhares de pirilampos a enfeitar as árvores, quais árvores de natal, terminando assim o nosso terceiro dia de viagem, num dos espetáculos mais bonitos que já vi.

 

Crónicas de Viagem 15.11.2020Bornéu, outubro '18





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